Por que um CFO deve apoiar um programa de conscientização em cibersegurança?
Os programas de conscientização em cibersegurança têm o objetivo de ampliar a visão dos colaboradores sobre os riscos envolvendo os ativos de tecnologia de informação e comunicação (TIC). Ainda que os principais defensores desse tipo de programa sejam normalmente os profissionais de segurança da informação, a verdade é que quase todos os departamentos podem se beneficiar com a conscientização.
No caso dos diretores financeiros (ou Chief Financial Officer), o custo dos programas de conscientização em cibersegurança acaba sendo um fator considerado. De certa forma, sempre há uma dúvida sobre o retorno obtido com o investimento no programa.
Outra questão, mais direta, é sobre o impacto do programa de conscientização nos departamentos de compras e finanças da organização.
Em ambos os casos, há motivos para o CFO também abraçar o programa de conscientização.
Retorno sobre o investimento
Calcular o retorno sobre o investimento em segurança pode ser desafiante, mas um estudo da consultoria Osterman Research desenvolveu um modelo que considera os seguintes critérios:
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Prejuízo com ataques cibernéticos e paralisações;
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Prejuízo com manutenção e remedição de eventos de menor e maior grau;
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Custo do programa de conscientização;
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Salário dos funcionários e custo para que eles participem do programa.
O estudo estimou retornos entre 69% e 562%, a depender do tamanho da organização e tipo de incidente de segurança. A variação é grande porque o cálculo muda de acordo com mudanças em cada fator considerado e nas probabilidades e prejuízos atribuídos aos eventos.
Certos fatores nem foram considerados pelo estudo, a exemplo dos seguros contra riscos cibernéticos. Algumas seguradoras buscam saber se há um programa robusto de conscientização para calcular o prêmio. Logo, quem contrata esse tipo de segurança pode ter um benefício direto.
Caso o CFO considere quesitos de conformidade legal e governança financeira, há ainda mais pontos relevantes. Nos Estados Unidos, a SEC, órgão que regula empresas com ações listadas em bolsas de valores, como a CVM no Brasil, adotou uma regra em 2023 que exige uma documentação sobre as medidas adotadas para prevenir incidentes de segurança. A visão dos reguladores é que o programa de gestão de risco e cibersegurança pode influenciar as decisões de investidores.
No Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) também exige que a empresa oriente os funcionários em relação à proteção de dados pessoais, de modo que abandonar um programa de conscientização pode motivar um revés jurídico em ações relacionadas a incidentes. Na Europa, o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR, na sigla em inglês) traz disposições semelhantes.
Mesmo que a empresa não tenha de seguir essas regras ela própria, clientes e parceiros podem exigir a existência de um programa de conscientização em sua cadeia de fornecedores. Nesses casos, o programa de conscientização amplia o mercado da empresa.
Fraudes financeiras
Outro aspecto relevante para os CFOs é o grande volume de fraudes cibernéticas que impactam especificamente as atividades financeiras.
O Business Email Compromise (BEC) é um tipo de golpe em que o criminoso se passa por um diretor ou fornecedor da empresa para convencer um colaborador a realizar um pagamento a uma entidade falsa, muitas vezes usando uma fatura clonada ou forjada. Se o colaborador não estiver ciente da fraude, o prejuízo para a empresa pode chegar aos milhões de dólares.
Essas fraudes do tipo BEC já causaram mais de US$ 50 bilhões em prejuízo financeiro direto, segundo cálculos do FBI que levam em conta principalmente as denúncias de empresas nos Estados Unidos. Estimativas de mercado sugerem que o prejuízo total causado pelo cibercrime no mundo todo, somando-se a perda de faturamento com paralisações, roubos de dados e custos de recuperação, deve alcançar os US$ 10 trilhões em 2025 e US$ 23 trilhões em 2027.
Da prevenção à resposta
Programas de conscientização são mais bem-sucedidos quando há um apoio ostensivo por parte da direção. Isso ajuda a promover transformações na cultura da empresa que embasam a tomada de decisões dos demais colaboradores e transmitem a segurança necessária para que eles informem colegas ou chefes sobre suspeitas de fraude, inclusive quando eles próprios cometem deslizes.
O processo da segurança inclui prevenção, detecção e resposta, sendo um equívoco avaliar apenas o caráter preventivo. Mesmo que seja difícil evitar todos os ataques, o programa de conscientização aumenta a resiliência da empresa e eleva as chances de que uma fraude seja detectada e contida mais cedo, diminuindo os prejuízos.
Sendo assim, o apoio do CFO é fundamental para garantir a adesão de sua própria equipe ao programa, permitindo que a empresa obtenha o benefício e retorno esperado em todo o ciclo de segurança da informação.